2009/12/30

EÇA DE QUEIROZ E RAMALHO ORTIGÃO

Romancista, Eça é um dos grandes intelectuais da Geração de 1870. Aliás, a introdução do realismo e do naturalismo na literatura portuguesa ficou a dever-se ao seu génio inovador e pode afirmar-se, sem grande margem de erro, que foi o maior romancista da sua geração. De resto, o escritor francês, Emile Zola, admirava-o imenso e dizia que Eça era maior que Flaubert.

Filho de um elevado magistrado, Eça nasceu na Póvoa do Varzim, cursou direito na Universidade de Coimbra e, após a licenciatura, o pai tê-lo-á ajudado a iniciar a carreira.
Entre 1870 e 1880, trabalhou em missões diplomáticas em Havana, Londres, Newcastle e, no final da década de 1880, fundou, com outros, a Revista de Portugal (que circulou entre 1889 e 1892).
Posteriormente, foi nomeado cônsul em Paris em 1888, onde trabalhou até morrer. Em 1871 começou a publicação, juntamente com Ramalho Ortigão de um jornal mensal, As Farpas, que satirizava a vida portuguesa. Ao longo destes anos, Eça de Queiroz ficou intimamente associado à Geração de Coimbra, cujo grupo estava determinado em fazer reformas políticas e artísticas. O que, no fundo, o Grupo pretendia, era substituir as convenções literárias tradicionalistas por um tipo de literatura que lidasse com os assuntos contemporâneos. Através dos carris que tinham aberto a península, ondas de coisas novas caíram sobre nós todos os dias vindas de França, e da Alemanha através de França: ideias, sistemas estéticos, formas, sentimentos, preocupações humanitárias.
O naturalismo de Eça de Queiroz e o seu ataque à hipocrisia religiosa suscitou muita controvérsia, pelo que foi chamado, à época, de Zola Português.

Ramalho Ortigão, ensaísta e jornalista português, ficou conhecido pela sua mestria na prosa portuguesa e pela visão crítica da sua terra natal.
Ramalho Ortigão, filho de Joaquim da Costa Ramalho Ortigão, director do Colégio da Lapa (a quem sucedeu em 1860), nasceu no Porto a 24 de Novembro de 1836, tendo morrido a 27 de Setembro de 1915.
Na sua juventude, estudou Direito na Universidade de Coimbra e, anos mais tarde, regressou ao Porto onde ensinou Francês no Colégio da Lapa. Oito anos mais tarde, foi nomeado secretário oficial da Academia das Ciências, pelo que se mudou para a capital passando a colaborar na Revolução de Setembro, no Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal de Comércio, entre outros.
Ao longo da sua vida, Ramalho que viajou imenso, o que acabaria por influenciar muito a forma como então perspectivava o seu país natal. Não admira, pois, que se tenha tornado num dos principais críticos da sociedade portuguesa da época, como prova a redacção de As Farpas.
© Manuel Fontão

Sem comentários: