2011/12/04

A taxonomia de Bloom e a sua revisão

1. A taxonomia de Bloom

Benjamin S. Bloom (1913 - 1999) liderou, por volta dos anos 60, um grupo formado pela APA (American Psychological Association), com a finalidade de criar uma classificação de objetivos de processos educacionais, uma área pouco – ou nada – explorada até então… 

Ora, o primeiro passo para a definição dessa taxonomia foi a divisão do campo de trabalho em três áreas fundamentais e não exclusivas entre si:
1. a dimensão cognitiva (associada à área do saber);
2. a dimensão afetiva, (ligada à esfera dos sentimentos e da postura);
3. a dimensão psicomotora (relativa à ação física).

1.1. A dimensão cognitiva

Note-se que, quando se fala da taxonomia de Bloom, tem-se habitualmente em mente o célebre trabalho do autor, cujo título Taxonomia e Objetivos no Domínio Cognitivo (1956) foi pioneiro nesta área – daí o consenso que terá reunido à sua volta.

Na realidade, foi aí que Bloom classificou, pela primeira vez, os objetivos no domínio cognitivo em seis níveis, os quais obedecem à lei da complexidade crescente [- complexo; + complexo], os quais, seguindo a sua terminologia, partem do nível [conhecimento] e culminam no último nível [avaliação]. De referir ainda que o autor fez acompanhar cada indicador taxonómico de uma bateria de verbos operatórios capazes de objetivar o nível em que se encontra, e, correlativamente, a operação mental requerida para um determinado segmento do processo de ensino/aprendizagem. 

Assim, os objetivos de aprendizagem de uma qualquer ação didática, podem, por conseguinte, ser definidos de acordo com o quadro infra:


1.2. A dimensão afetiva

Os objetivos de aprendizagem considerados nesta dimensão estão associados, como ficou dito supra, à esfera dos perfis comportamentais e atitudinuais, tais como a responsabilidade, o respeito mútuo, a os padrões emotivos, axiológicos (valores), etc. Assim, e de acordo com o modus operandi do autor, os objetivos são exemplificados por toda uma panóplia de verbos operatórios, conforme se pode observar pelo quadro que se segue: 



1.3. Dimensão psicomotora

Infelizmente, Bloom e os seus colaboradores acabaram por não dedicar o tempo e o espaço que seriam desejáveis para operacionalizar esta área. Todavia, alguns autores, imbuídos de um autêntico espírito interdisciplinar, deram continuidade a esta (sub)temática, como foi o caso, por exemplo de A. Harrow (1972), cuja autora propôs, a exemplo do mestre, uma taxonomia de seis níveis, a saber, (a) reflexos, (b) movimentos básicos, (c) habilidades de perceção, (d) habilidades físicas, (e) movimentos aperfeiçoados e (f) comunicação não verbal., conforme se mostra abaixo:



2. Revisão da Taxonomia de Bloom

Como acima ficou dito, pelo menos de forma implícita, a taxonomia de Bloom data de há já algumas décadas a esta parte (1956), e, não obstante o seu grande rendimento sistémico, ou melhor, apesar do seu poder explicativo, a verdade é que já não respondia, de todo, às necessidades do processo de ensino/aprendizagem. Assim, e dando forma às suas preocupações, Anderson and Krathwohl (2001) procederam a uma revisão terminológica e conceptual da taxonomia de Bloom, cuja resultante pretende, no essencial, combinar o tipo de conhecimento a ser adquirido (dimensão do conhecimento) e o processo utilizado para esse efeito (dimensão do processo cognitivo). 

Como se pode verificar, o quadro decorrente da sua visão para a matéria (cf. grelha abaixo), torna, de facto, bem mais acessível, não apenas a própria definição dos objetivos de aprendizagem, mas também a articulação dos referidos objetivos com a tarefa avaliativa tout court.


3. Conclusão

De referir, por fim, que, se é certo que muitas das críticas feitas à taxonomia de Bloom sejam válidas, isso não impediu (e não impede, de resto…) que um grande número de profissionais a tivesse utilizado (e continue a utilizá-la….) nas suas tarefas de planificação, pois que o modelo encerra um grande poder explicativo, na justa medida em que consegue prever e tornar explícitas as diferentes situações inerentes ao processo de ensino/aprendizagem.

4. Bibliografia

Andersen, W. et al (2001) A Taxonomy for Learning, Teaching, and Assessing: A Revision of Bloom's Taxonomy of Educational Objectives. New York: Longman
Ausubel, D (1968) Educational psychology: A cognitive view. New York: Holt, Rinehart and Winston
Bloom, B (1956) Taxonomy of Educational Objectives, the classification of educational goals – Handbook I: Cognitive Domain New York: McKay
Bourdieu, P (1977) Outline of a Theory of Practice. Cambridge: Cambridge University Press
Fodor, J (1983) The Modularity of Mind: An Essay on Faculty Psychology. MIT Press
Goleman, D (1996) Emotional intelligence : why it can matter more than IQ. London: Bloomsbury
Harrow, A (1972) A taxonomy of the psychomotor domain. New York: David McKay Co
Hayes, J et al (1996) On the nature of planning in writing, in C.M. Levy & S. Ransdell (Eds.) The science of writing. Mahwah: LEA
Vygotsky, L (1962) Thought and language. Cambridge [Mass] : M.I.T. Press
Zabalza, Miguel (2000) Planificação e Desenvolvimento Curricular na Escola. Porto: Asa, 5.ª ed.


5. Sitiografia

http://psychclassics.yorku.ca/Watson/views.htm (teoria behaviorista)
http://dspace.mit.edu/browse?order=ASC&rpp=20&sort_by=-1&etal=-1&offset=25435&type=subject (sítio onde se poderá encontrar várias teses em formato .PDF)
http://www.learningandteaching.info/learning/site_map.htm 

Nota: clicar nas imagens, para as visualizar corretamente.
© Manuel Fontão

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