Trata-se de uma peça adaptada do original russo O Inspector- Geral da autoria de Nikolai Gogol. Não obstante, a obra se fundar numa trama do século XIX, a verdade é que continua actual, pois constitui uma critica à política e às suas imperfeições.Com efeito, o pano de fundo prende-se com uma visita inesperada de um inspector, vindo da capital (São Petersbourg) para visitar uma pequena cidade da província. Ora, como a corrupção grassa por lá também (não, não é só no nosso pequeno rectângulo!...), as autoridades locais, numa primeira reacção, tentam remediar tant bien que mal as situações irregulares. O medo a isso obriga. Contudo, um novo facto vem transformar a pequena cidade: a chegada de um farsante que não passa de um bon vivant. Na verdade, o prefeito, baseado em falsos rumores, acredita que o vagabundo não é outro, senão o temido inspector disfarçado, e, vai daí, começa a mimar o embusteiro com as mais diversas ofertas e regalias…
A obra e a peça (levada recentemente à cena pelo grupo de teatro A Barraca) põe a nu os meandros obscuros da política, nomeadamente a corruptela, deixa perceber a fragilidade das estruturas do poder e, sobretudo, constitui uma crítica acerba à sociedade, no seu todo, pois que os interesses de paróquia se sobrepõem, ontem como hoje, ao bem do maior número.
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© Manuel Fontão
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