2009/12/13

LE THÉÂTRE ET SON DOUBLE

1. Introdução

Por volta dos anos vinte, entra em voga uma noção algo enigmática nos diversos domínios da arte, a saber, a noção de pureza. Já em 1926, André Gide põe na boca de Edouard, herói de Les Faux-monnayeurs, o sonho de escrever um romance puro (1925: 76) e, em 1929, Paul Valéry, no Avant-propos deixa escapar o sintagma poesia pura (1957: 1275). Diga-se, em abono da verdade, que Valéry, ao contrário de outros autores, explica de forma mais ou menos cabal, num texto preparado para a conferência de 2 de Dezembro de 1927, em que consistiria a noção, dizendo que se trata de uma tentativa para constituir uma obra unicamente a partir de elementos poéticos. De resto, no domínio da pintura da época, também é possível descobrir alusões à pintura pura, como é o caso, por exemplo, de Apollinaire e de Kandinsky. Claro que esta nova concepção se inscreve, acima de tudo, no mero plano teorético pois que, na prática, constitui uma tarefa difícil traçar uma divisória mais ou menos nítida entre a arte até então e aquela que se reivindica do novo modelo. Todavia, a ideia de pureza inspira todo um conjunto de artistas, oferecendo-lhes um objecto de reflexão específico e rico em considerações estéticas e filosóficas.
Em que é que consiste, pois, a arte pura? Em princípio e segundo toda a probabilidade prende-se com o desejo artístico de suprimir todos os elementos que aparentemente não pertencem a um género específico: texto narrativo, texto lírico, texto pictórico. Em todo o caso, a arte pura insiste categoricamente em negar a toda a obra de arte uma finalidade prática e utilitária, pois que, segundo esta tese, a obra deve esgotar-se no seu próprio objecto.







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