O mesmo não poderei dizer do seu discurso (a doxa), que, indubitavelmente me interpela e me fascina. Com efeito, como linguista, é interessante perceber os mecanismos da apropriação da palavra, cujas representações semânticas são objecto de reorientações polissémicas muito curiosas e que se prendem, no essencial, com as ideologias dos campos (adversários) em liça.
Foi assim num passado, não muito longínquo, mas suficientemente traumático, em que um turra era, para os portugueses, um resistente aos ideais pátrios (não obstante a referida figura, no contexto interno, ser percebido como um herói de uma pátria ausente...). Foi assim com a configuração semântica da palavra democracia aquando da guerra fria, em que ambos os blocos se reivindicam angelicamente democráticos (o bloco da Cortina de Ferro e o o resto do mundo...). Continua a ser assim no presente, com a utilização, por exemplo, da palavra oposição - que é objecto de uma (re)orientação argumentativa, segundo as facções em causa. Afinal, o que se deve entender por oposição? Questão meramente retórica,acrescente-se, conforme se depreenderá pelo contexto. Para bom entendedor... CONTACTE O AUTOR DO BLOGUE. OBRIGADO!
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