Espaço de partilha, de troca de ideias e de análise crítica da sociedade: PRO TEMPORE. Espaço de angústia e de inquietação (a hybris) que interroga o outro sobre a condição humana (o pathos): CREDO QUIA ABSURDUM. Espaço feito de palimpsestos, de narrativas individuais, de arquitexto: POST HOC, ERGO PROPTER HOC.
2009/06/09
O PICO
da montanha o pico quase abdicou
estremeceu de todo o seu peso
foi vista a morte ao lado
passeava nos olhos de um estranho
vizinho
a ilha montanha silvestre castanha
insurgiu-se exigiu respeito às bases
alcalinas instáveis
e a massa de água ficou ali pensativa
ameaçando invadir a terra dos faroleiros
as fajãs que também eram suas
e os cais de abrigo das zonas chãs
quentes
o ilhéu homem escarmentado expedito
teve um arrepio epidérmico provisório
e lançou olimpicamente um olhar crespo
picoense
à linha do horizonte que se estendia à sua frente
viu tudo a quente sentiu a frio abraçou a fúria dos céus
o abismo do mar o fogo cruzado dos elementos
e fez-se serenamente ao vento
sem sequer confidenciar às gentes baleeiras
o pequeno segredo madaleno que calava
nem tão-pouco os grandes males de que padecia
ele há silêncios que a razão exaspera
que o homem não conhece a terra não percebe
nem podia
© Manuel Fontão
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