2009/06/23

O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO

mordo o mal maior do meu contentamento
até atingir a pedra angular da minha justiça
e desafio em vertiginoso movimento
os meus sentidos envoltos em barcos de cortiça

escalo toda esta tristeza de cume em cume
até alcançar o casulo da velha teia de aranha
e em passos milimétricos fantasmagóricos o lume
ateia o medo atiça a crença arrepia a minha sanha

um som grave cavernoso pungente
de dois apetites disformes e semelhantes
porfiam a gula nas longas horas de jantar

iguarias raras preciosas pedras de um oriente
onde a alma em antecâmaras luxuriantes
foi penosa e dolorosamente mergulhar

In Palimpsestos





© Manuel Fontão

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