2009/06/09


Mais um bocado – seria diabólico ou divino…
Antes humano, íntegro, português antigo
Na alma. No carácter. Na figura.
Um espírito sereno, absoluto, avisado – ele,
Ele que não é só papel. Que também é tipo.
Literário. E poético. E romântico – e muito mais!

Só papel – seria embuste, seria logro
Ou marioneta ou outra coisa qualquer…
Uma personagem, mesmo no teatro, não é A.?
Só tem a existência que se lhe empresta – nada mais!
Aqui há personagem. E humanidade. E o aqui. E o agora.

Com que pena fico de ti – e da tua procriação!...
Ora Manuel por que razão tanto sacrifício, santa oblação?...
Um bocado mais – seria dramalhão, servo de Deus,
Terias mulher, terias filha – menos a tísica, menos a enfezada.
Ir pois para S. Domingos, renegar a família, o nome dela,
Não evitar aquele “morrer de vergonha a pobre Maria”!...
Homem de Deus! Que fado funesto te persegue? Que dano? Que tormenta
Ou desmancho? Uma ao hábito, outra à morgue – sobra dignidade, não percebes?

© Manuel Fontão

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