2009/12/19

A BARRACA: ANTÍGONA REACTUALIZADA...

1. O MITO

Segundo o Mito, Antígona, é filha de Édipo e Jocasta, de cujo casamento incestuoso (filho/mãe) nasceram mais três filhos, Isménia, Eteoclés e Policices. Ora, no momento em que Édipo descobriu que a profecia de Tirésias (segundo a qual mataria o pai e casaria com a mãe se cumprira), auto-mutila-se, cegando-se. Depois disto, é abandonado pelos seus filhos homens, que também o expulsam da cidade e, como tal, obrigam-no a levar uma vida errante. Na verdade, apenas pode contar com as suas filhas, que lhe permanecem fiéis, como por exemplo, Antígona, que lhe serviria de guia e que o acompanharia até à morte, em Colono.
Todavia, nova desgraça o espreita, ao regressar a Tebas: os irmãos guerreiam-se pela posse do ceptro e acabam por morrer, pelo que o trono será ocupado pelo irmão de Jocasta (Creonte)…

2. O ENREDO

Creonte, tomando o partido de um dos seus sobrinhos (Eteoclés), decreta que este terá direito a todos os ritos funerais, ao passo que Polinices, considerado inimigo de Tebas, não poderá sequer ser sepultado. Ora, Antígona rebela-se contra o édito promulgado pelo rei e defende que o dever de enterrar os mortos constitui uma lei absoluta, ditada dos deuses, e, por conseguinte, mais forte do que qualquer lei decretada pelos homens. Assim, manda celebrar ritos funerários, embora modestos, em honra de Polinices, à revelia do tirano e por conta própria…
Face a esta desobediência, Creonte ordena que seja dado um castigo exemplar a Antígona, a saber, o seu encarceramento nas catacumbas dos seus antepassados. Neste passo, Isménia tenta defender a irmã, oferecendo-se para morrer no lugar dela, mas Antígona não aceita e acaba por se suicidar. Por seu turno, Hémon, o seu noivo – e filho de Creonte –, ao saber da morte da sua amada, suicida-se junto ao cadáver e Eurídice, esposa de Creonte, desesperada, perante a perda do filho, também se suicida.

É este enredo, em resumo, que serve de inspiração a Sófocles (441 a.C.) para uma das mais belas tragédias de todos os tempos e que o grupo de teatro A Barraca reactualiza…




© Manuel Fontão

Sem comentários: