2009/07/18

O QUE É O BRIO PROFISSIONAL?...

O brio profissional, em matéria docente, consiste, antes de mais, em ser fiel ao exercício das suas funções e, por inerência, às pessoas que legalmente representam a instituição, sem que isso signifique qualquer atitude de servilismo e de ataraxia comportamental. Muito pelo contrário…
Assim é. Ter brio profissional é, quer se admita ou não, colocar os interesses do ofício acima dos interesses de paróquia – quaisquer que eles sejam e de onde quer que eles venham. Mas é também – e sobretudo – dizer rotundamente não às hierarquias, quando estas se excedem (e abundam os exemplos em que o papismo é maior do que o próprio Papa…), quando estas seguem uma linha praxeológica que não defende, como deveria, os superiores interesses da função, quando a prática axiológica das cúpulas obedece a motivações divergentes do essencial, assentando, a contrario, nos critérios de amiguismo e de favorecimento pessoal.
Aliás, neste capítulo, é de bom tom ter presente que o outro, quer dizer, o meu amigo – se o é, de facto! – terá de compreender que, imbuído de um espírito de justiça e de equidade profissionais, não poderei, em caso algum, ceder a certas tendências de capela. Não! Se a amizade significa estar comigo, não apenas naquilo que a vida contém de melhor (o que é demasiado fácil!...), mas, sobretudo, no que ela encerra de pior (o que é bem mais difícil…), pois bem, o outro, o meu amigo, o mesmo terá(ão) de neutralizar esta velha máxima segundo a qual os amigos seriam para a ocasião
Ora, o que sucede no ensino, em particular, e na sociedade, em geral, é justamente o contrário: há, com efeito, uma tendência nefasta para subverter os princípios mais básicos da deontologia profissional e, consequentemente, para sacrificar aqueles que não se conotam com qualquer –ismo específico (cf. poema epónimo). Quer porque não querem. Quer porque não precisam. Quer porque - sim!
Convenhamos, pois, que ter brio profissional é, antes de tudo, ser capaz de ultrapassar meras questiúnculas pessoais, ou, dito por outras palavras, é ter a indomável capacidade de mitigar eventuais climas de intriga e edulcorar, a todo o custo, relacionamentos interpessoais menos adequados aos contextos do momento.
Em suma, parecem ser estes os pressupostos fundamentais para que o profissional emirja na sua plenitude e na sua autenticidade. Quer isto dizer que, em nome do brio e da profissionalidade docentes, torna-se necessário que o capricho das emoções e o cortejo de sentimentos revanchistas cedam, finalmente, o lugar à racionalidade, ou melhor, torna-se imperativo sacrificar o homem ao profissional…
É que, ao arrepio dos Velhos do Restelo, o professor das sociedades pós-modernas deixou de ser, felizmente, um mísero missionário. Doravante, é sua profissionalidade que está em jogo!...




© Manuel Fontão

Sem comentários: