2009/03/21

VENDE-SE CASAS ou VENDEM-SE CASAS

VENDE-SE CASAS OU VENDEM-SE CASAS

Neste breve excurso, debruçar-me-ei sobre o famigerado se, cujo assunto se prende com questões do género das que se enunciam:

• há – ou não – passividade nas construções com se, seguidas de verbos transitivos directos?
• nota-se – ou não – que o se é uma particula apassivadora?
• existe – ou não – sinonímia entre a construção da Voz Passiva Sintética (VPS) e a da Voz Passiva Analítica (VPA), como o pretende a perspectiva normativa – e normativista?
• o clítico se pode – ou não – ser entendido como um índice de indeterminação do sujeito? O argumento deve – ou não – ser perspectivado como um caso acusativo?


Considere-se, antes de mais, as seguintes frases:

[1] Vendem-se apartamentos
[2] Alugam-se casas
[3] Fazem-se chaves

cujas construções sempre foram tenazmente defendidas pela Gramática Tradicional (GT) como passivas (VPS), isto é, frases, cujo verbo selecciona um argumento (Arg) e uma particular apassivadora – conhecida, na gramática normativa, como se passivo, segundo o esquema sintáctico que se segue:
V + SE + Arg.

Com efeito, tendo em conta que a norma do Português desconhece por completo a concordância verbo - objecto na voz activa, ou, dito por outras palavras, sabendo que cabe invariavelmente ao sujeito desencadear a concordância verbal, tudo parece indicar que este tipo de frases constitua uma variante da voz passiva.









© Manuel Fontão

Sem comentários: