2007/02/07

FÁBULA À GENTE DAS ESCOLAS

Era uma vez...

STOP.
Neste caso preciso, os animais acharam por bem que era mais do que tempo de encontrar uma solução radical para fazerem face aos sérios problemas do MUNDO NOVO.
O que é que fizeram? Ora, organizaram uma escola lá no burgo e fixaram como actividades do programa as seguintes competências: saber correr, trepar, nadar e voar. E, para facilitar o trabalho de cada um, decidiram então que todos os animais deviam atingir um determinado perfil de saída...

O PATO, esse, nadava muito bem, melhor até que o seu próprio instrutor, mas – confessemos! – mal chegava à mediania no voo. Na corrida – coitado! – muito fraco. Estava tão atrasado nesta matéria que, acabada a aula, tinha de ficar mais tempo a repetir o que lhe fora ensinado. Resultado: abandonou a natação para se treinar na corrida e isto até os seus pés espalmados ficarem em tiras. É claro que a nota da natação desceu abruptamente, mas – diga-se com toda a franqueza – um aluno médio é muito aceitável em qualquer escola e ninguém até hoje se afligiu com o caso, a não ser o desgraçado pato...
O COELHO, altivo, encabeçava a classificação na corrida, mas – oh infortúnio! – sofreu uma depressão nervosa, tal era o seu caudal de trabalho para conseguir nadar...

O ESQUILO, senhores, era excelente a trepar, exímio mesmo, até ser atacado por um complexo agudo de culpa em pleno curso de voo, pois o professor queria que ele arrancasse do pé da árvore para o cimo, em vez de se apoiar nos ramos como muitas vezes fazia. O que é que lhe aconteceu? Apanhou uma entorse, em razão do cansaço excessivo e ficou nos últimos lugares na subida e na famigerada corrida.

A ÁGUIA, desdenhosa, constituía aquilo que na gíria profissional, se designa de caso-problema, aluna muito indisciplinada e destrambelhada. No trepar, por exemplo, batia os outros e chegava sempre primeiro ao cimo da árvore, mas, em contrapartida, recusava-se a seguir as normas estabelecidas pelo regime vigente.

No fim do ano, uma ENGUIA normal – perfeitamente normal! – que andava maravilhosamente como todas as restantes enguias e que corria, trepava e voava um tudo nada, acabou por obter a média mais alta e, como é óbvio, levou o primeiro prémio para casa.

BASTA!
Foi então que os CÃES, indignados, organizaram um piquete de greve diante do Ministério da Educação e se recusaram a mandar os filhos à escola, pedindo que fosse acrescentado ao currículo a arte de escavar o chão e fazer uma cova...

Finalmente, já desesperados, entregaram os filhos a um TEXUGO, e, mais tarde, chegaram a um acordo de cavalheiros com os ARGANAZES e as TOUPEIRAS para abrirem uma escola particular, de preferência com a adopção de currículos alternativos, com introdução de variáveis de contexto regional e local e, por fim, com inclusão de planos de segunda oportunidade, cujos programas flexibilizados, segundo dizem, prometem bastante...

Fábula composta por G. H. Reavis, inspector das escolas públicas de Cincinnati, USA,
recolhida por Claude Dupin, I. S. P. E (reformulada)