2022/03/13

a besta

a besta desfez a porta de saída à força de coices
e galgou à toa para a pradaria mais próxima
as têmperas em calda os olhos em pranto

havia no seu bico aquilino a ideia de vingança
e de acerto de um passado deixado a céu aberto

parece ainda cavalgar a passos de gazela
da corte de onde havia fugido anos antes
e consigo leva as crias em sinal de desconforto

avança devagar riscando de preto a neve
do trilho que ficou no lugar da porta
e a passarada espantada da ousadia
alerta os amigos da rapina para o repasto

sobrou a liquidez da água
o bafo quente das aves
e a bestialidade do gelo

faltou na soma dos dias a bela
que ficou só
com tudo o que não era seu por inteiro
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