2009/11/28

INÉS ROJAS: O PARADIGMA DA MUDANÇA...

Inés Rojas, bailarina de formação rigorosamente clássica, tem demonstrado, através das suas mais recentes obras, uma atitude exemplarmente arrojada e, de resto, pautada pela ambição de redimensionar os limites da capacidade criativa.
Com efeito, a directora artística da Neodanza, assumindo os riscos de uma tal linha de orientação, tem feitos importantes incursões em domínios que seriam, em princípio, alheios à sua esfera de interesses e sensibilidade, quer em termos formais e técnicos, quer em termos estritamente ideológicos.
Todavia, contra ventos e marés, a sua companhia tem vindo a adquirir, desde os princípios dos anos noventa, uma fisionomia própria na dança pósmoderna, e, hoje, pode dizer-se que almejou uma invejável projecção internacional. Mérito exclusivo da coreógrafa...
De resto, em cena, Inés Rojas é uma bailarina que, pela sua força interior, pela expressividade dos seus movimentos e pela forma desenvolta das suas interpretações, arrebata literalmente o espectador. Aliás, a capacidade invulgar que a artista possui de transmitir a carga dramática que perpassa a cena, faz envolver o espectador, interpelando-o, questionando-o e obrigando-o a reflectir, quase malgré lui, no mundo asfixiante que o rodeia e na opressão quotidiana que oblitera a sua condição. Sim! O homem é o homem mais as suas circunstâncias. Que, neste caso, coincidem com as grandes urbes que ele próprio construiu...

© Manuel Fontão

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