2009/06/17

ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ

A população de um país bem perto de si decidiu tacita e esmagadoramente votar em branco, em detrimento de uma longa tradição (pseudo)democrática nos aparelhos partidários (p.d.d. , d.d.m. e p.d.e.). Todavia, o aparelho político-partidário, surpreendido por este novo e inédito facto, no seu entender antidemocrático, decide convocar novas eleições num prazo mínimo de oito dias. Não obstante este tour de force sistémico, o fenómeno ganha proporções ainda mais acentuadas – os votos em branco adquirem uma expressão ainda mais significativa – quase escandalosa. Doravante, são as próprias bases do sistema que estão em causa, é o edifício democrático que está em perigo de ruir, pelo que urge tomar medidas adequadas e conformes à ameaça eminente. Assim, o governo resolve, de forma unilateral a autocrática, aplicar todo um conjunto de medidas avulsas e de teor manifestamente repressivo, que vão desde a infiltração de agentes da polícia política, à instauração de processos sumários supervenientes da duvidosa certificação do valor de verde do polígrafo, passando pela intoxicação sistemática dos meios de comunicação social.






© Manuel Fontão

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